sábado, 10 de dezembro de 2011

Galo já cantou, já raiou o dia!

Acordamos cedo para o treino com o mestre Cobra Mansa, marcado para 7h, em um espaço do sítio de um vizinho da Bel. Estava aquele friozinho que não dá vontade de sair da cama. Sabrina chegou animada no quarto, acordando o pessoal e chamando pra treinar. Vamos nessa! Acordei sentindo o olho inchado, da pancada de ontem. Mas fui animada para treinar com mestre Cobrinha, coisa rara e muito rica! No dia anterior, o treino fora no horário que ele normalmente gosta de fazer, às 6h da manhã. Mas hoje, ele resolveu aliviar, pois viu que estavam todos cansados. Mais um motivo para não perder.
Começamos jogando dois a dois, enquanto alguns tocavam os instrumentos. E fomos trocando de duplas e entre quem tocava e jogava. Cobrinha pediu que tocássemos “São Bento Grande” e a maioria se atrapalhou. Ao final, ele falou sobre a tradição: disse que não gosta de usar essa palavra, pois já está “batida”, já que sabemos que a tradição vai sempre sendo re-criada. Mas em sua percepção, a nossa geração se acostumou a tocar somente o toque de Angola, como se fosse o único toque "tradicional". Então, ele gosta de quebrar esses “mitos” e lembrar de coisas que vão se perdendo até mesmo com o argumento de não ser parte da “tradição” (como tocar o São Bento grande no berimbau gunga).
Depois, Cobrinha passou o movimento de “tirar” a chapa de frente ou meia-lua de frente com o braço e entrar na cabeçada ou na rasteira, porque notou que muitos estavam com essa dificuldade.
Todos puderam tocar, muitos cantar e jogar, inclusive com o mestre.
Ao final, quando olhamos no relógio já eram 9h30. Cobrinha se assustou com o horário, nós também. Sinal de que estava muito bom! 
Fizemos uma roda de conversa final, onde cada um falou das suas dificuldades. Alguns citaram movimentos específicos, outros sentem dificuldade em jogar capoeira angola, em geral, outros em ter consciência e mais controle dos movimentos, etc. E o pequeno Iago (única criança presente), perguntou para Cobrinha: "e qual foi a sua maior dificuldade?", surpreendendo os adultos. E Cobrinha falou que também tem suas dificuldades e que naquele dia foi que estava sentindo o ombro e não podia fazer certos movimentos, tendo que se controlar para não forçar onde havia machucado. 




Iê, viva meu mestre!


Depois do treino, voltamos para casa, com a chuva fininha no caminho, esfriando o corpo suado. Depois de trocar de roupa, o prêmio: pão de queijo! Aquele estava sendo o melhor Permangola em termos de alimentação, na minha opinião de mineira com saudade da terrinha. O sentimento do encontro com minha ancestralidade aparecendo...
Café com pão de queijo, bolo de cenoura, pão integral, laranja, chá, suco de inhame com limão! Esse eu nunca tinha visto. Delícia! Todos juntos, comendo na varanda. Depois já aproveitamos para conversar sobre a programação do dia.

Um comentário:

  1. Adorei este treino e a roda de conversa! Acho muito enriquecedor poder ouvir o Mestre.

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