Trabalho coletivo:
Reunidos de volta à casa, começamos a nos organizar para a plantação da horta na mandala.
A sugestão foi dividir a turma em 5 grupos. Escolhemos 5 líderes, os mais experientes em plantação.
Os líderes foram anotando as sementes e mudas disponíveis. Cada grupo escolheria o que plantar, de acordo com o tempo que demoram para nascer e com a compatibilidade entre as plantas. Para isso, Mestre Cobrinha nos apresentou uma tabela que diz quais plantas podem e devem ser plantadas juntas ou separadas, considerando aquelas que: 1) favorecem o crescimento e acentuam o sabor, 2) repelem pragas; 3) ajudam a recompor o solo. Aprendemos a observar também quais são mais agressivas.
Cobrinha deixou os grupos livres para escolher o que queriam plantar na mandala.
Ele nos chamou a atenção de que em volta da mandala precisamos de PROTEÇÃO, ou seja, plantas repelentes, como arruda, alecrim, gergelim, capim santo ou capim limão. O inseto é repelido pelo cheiro, na maioria.
Algumas plantas atraem as pragas para ela, como o feijão andu. Assim, ele protege as outras, sendo plantado para ser "sacrificado".
Certas plantas atraem um tipo de inseto e outras atraem outros insetos que competem entre si e assim se destroem.
Com essas informações sobre as plantas, chegamos à seguinte conclusão: o inseticida é dispensável! Já que as próprias plantas podem fazer a ação repelente. Mas isso depende de tempo, dedicação e estudo! E consciência para escolher o caminho mais natural e não o que trará mais lucro rápido.
Cobrinha dissse: "Eu só quero que às 17h o trabalho da mandala esteja pronto. Os líderes ajudem a organizar. Vocês têm que aprender a ter liderança também!". O mestre saindo da cena de liderança, nos ensinando a ocupar esse espaço.
Começamos a discutir a melhor forma de organizar, se cada grupo iria decidir separadamente ou pensaríamos na mandala como um todo. Os líderes acabaram tomando a iniciativa de pensar quais plantas poderiam ser colocadas, fazendo um mapa com o desenho da mandala, junto com quem quisesse opinar. Ao final, acabamos trabalhando em um grande grupo, cada um pegando mudas e sementes e plantando, seguindo o mapa desenhado e discutindo outras possibilidades na hora.
Sabrina, que é artista plástica, fez as plaquinhas de madeira, pintadas com o nome de cada muda e semente plantada.
A mandala foi ficando linda, verde, colorida. Ao final, os meninos cortaram um monte de folhas – capim e de bananeira – e cobrimos a terra para protegê-la, deixando somente as mudas para fora, “respirando”.
TRECHOS DE DEPOIMENTOS APÓS MANDALA – FEED-BACK:
- Sentimento de união, de “dejavu”.
- Com muitos o fardo fica menos pesado.
- Comunidade
- O que acontece dentro da gente é o que foi feito lá fora – plantar a semente e levar para expandir.
- Tudo está conectado
- Importância da iniciativa de cada um
- Ponto 1 da sobrevivência = plantar para comer
- Coletivo = aproveitar as habilidades de cada um (seja mais criativo, mais sistemático, etc) – Assim, fica mais colorido.
- Respeitar o outro, sabendo que cada um tem alguma coisa pra contribuir.
Mestre Cobrinha falou mais ou menos assim: às vezes, quem tem mais conhecimento, tem a dificuldade de deixar os outros mostrarem suas potencialidades. A gente como mestre, professor, tem que saber o horário certo de contribuir e de deixar os outros fazerem. Por isso me afastei, no momento da plantação na mandala. Para mim, foi além das expectativas. Eu fui dando um passo para trás e fiquei mais observando o grupo trabalhar.
Bel completou: A ideia inicial era fazer uma horta, mista. No processo do Permangola, antes, pensaram o que poderia ser feito, diante das tantas coisas que há para fazer nessa terra. Fiquei triste porque no primeiro dia em que começaram a construir a mandala, estava ocupada e não vi fazendo. Mas faz parte também. Organização = fez a maior parte por email, sozinha, mas com a ajuda das pessoas na divulgação, etc. Já faz parte do processo escolher vir e estar aqui. Com a colaraboração de todos, vamos fazer desse lugar um lugar muito bonito. Um centro de educação e de capoeira angola!