sábado, 10 de dezembro de 2011

Plantação na Mandala

Trabalho coletivo:
Reunidos de volta à casa, começamos a nos organizar para a plantação da horta na mandala.
A sugestão foi dividir a turma em 5 grupos. Escolhemos 5 líderes, os mais experientes em plantação.
Os líderes foram anotando as sementes e mudas disponíveis. Cada grupo escolheria o que plantar, de acordo com o tempo que demoram para nascer e com a compatibilidade entre as plantas. Para isso, Mestre Cobrinha nos apresentou uma tabela que diz quais plantas podem e devem ser plantadas juntas ou separadas, considerando aquelas que: 1) favorecem o crescimento e acentuam o sabor, 2) repelem pragas; 3) ajudam a recompor o solo. Aprendemos a observar também quais são mais agressivas.




Cobrinha deixou os grupos livres para escolher o que queriam plantar na mandala.
Ele nos chamou a atenção de que em volta da mandala precisamos de PROTEÇÃO, ou seja, plantas repelentes, como arruda, alecrim, gergelim, capim santo ou capim limão. O inseto é repelido pelo cheiro, na maioria.
Algumas plantas atraem as pragas para ela, como o feijão andu. Assim, ele protege as outras, sendo plantado para ser "sacrificado".
Certas plantas atraem um tipo de inseto e outras atraem outros insetos que competem entre si e assim se destroem.
Com essas informações sobre as plantas, chegamos à seguinte conclusão: o inseticida é dispensável! Já que as próprias plantas podem fazer a ação repelente. Mas isso depende de tempo, dedicação e estudo! E consciência para escolher o caminho mais natural e não o que trará mais lucro rápido.
Cobrinha dissse: "Eu só quero que às 17h o trabalho da mandala esteja pronto. Os líderes ajudem a organizar. Vocês têm que aprender a ter liderança também!". O mestre saindo da cena de liderança, nos ensinando a ocupar esse espaço.
Começamos a discutir a melhor forma de organizar, se cada grupo iria decidir separadamente ou pensaríamos na mandala como um todo. Os líderes acabaram tomando a iniciativa de pensar quais plantas poderiam ser colocadas, fazendo um mapa com o desenho da mandala, junto com quem quisesse opinar. Ao final, acabamos trabalhando em um grande grupo, cada um pegando mudas e sementes e plantando, seguindo o mapa desenhado e discutindo outras possibilidades na hora.




Sabrina, que é artista plástica, fez as plaquinhas de madeira, pintadas com o nome de cada muda e semente plantada.

A mandala foi ficando linda, verde, colorida. Ao final, os meninos cortaram um monte de folhas – capim e de bananeira – e cobrimos a terra para protegê-la, deixando somente as mudas para fora, “respirando”.


TRECHOS DE DEPOIMENTOS APÓS MANDALA – FEED-BACK:
- Sentimento de união, de “dejavu”.
- Com muitos o fardo fica menos pesado.
- Comunidade
- O que acontece dentro da gente é o que foi feito lá fora – plantar a semente e levar para expandir.
- Tudo está conectado
- Importância da iniciativa de cada um
- Ponto 1 da sobrevivência = plantar para comer
- Coletivo = aproveitar as habilidades de cada um (seja mais criativo, mais sistemático, etc) – Assim,  fica mais colorido.
- Respeitar o outro, sabendo que cada um tem alguma coisa pra contribuir.
Mestre Cobrinha falou mais ou menos assim: às vezes, quem tem mais conhecimento, tem a dificuldade de deixar os outros mostrarem suas potencialidades. A gente como mestre, professor, tem que saber o horário certo de contribuir e de deixar os outros fazerem. Por isso me afastei, no momento da plantação na mandala. Para mim, foi além das expectativas. Eu fui dando um passo para trás e fiquei mais observando o grupo trabalhar.
Bel completou: A ideia inicial era fazer uma horta, mista. No processo do Permangola, antes, pensaram o que poderia ser feito, diante das tantas coisas que há para fazer nessa terra. Fiquei triste porque no primeiro dia em que começaram a construir a mandala, estava ocupada e não vi fazendo. Mas faz parte também. Organização = fez a maior parte por email, sozinha, mas com a ajuda das pessoas na divulgação, etc. Já faz parte do processo escolher vir e estar aqui. Com a colaraboração de todos, vamos fazer desse lugar um lugar muito bonito. Um centro de educação e de capoeira angola!

Samba, sol e capoeira...

SAMBA NO PÔR DO SOL

Mestre Jurandir e os outros três mestres de Caxias chegaram no final da tarde. Mestre Jurandir chegou animado e começou a tocar o atabaque, fazendo um samba. O pessoal foi se juntando, na sala da casa, tocando e cantando. Já estava na hora da roda, quando vimos, o Sol estava começando o seu espetáculo de crepúsculo. Saímos para a varanda e todos se juntaram para assistir o pôr do sol, ao som do samba dos tambores, pandeiros, triângulo, reco-reco e caxixis, tocando, cantando e dançando, vendo aquela maravilha no horizonte. Momento espontâneo, alegre, de integração e consagração junto à linda Natureza!





RODA DE CAPOEIRA ANGOLA

Com a energia e inspiração do pôr do Sol, começamos mais uma roda, com a presença dos cinco mestres de Caxias. Joguei com mestre Jurandir e novamente fui tocar o berimbau médio, ao lado dele e do mestre Véio, oferecido pelo mestre Peixe. Dessa vez, deu para passar sem reclamação do mestre...




Em um momento, mestre Cobra Mansa pegou o berimbau gunga e começou a cantar: “tempo bom, tempo bom, tempo que não volta mais...”, cantando os nomes das pessoas que faziam parte da roda de Caxias na época em que ainda viviam lá. Mestre Jurandir jogava nesse momento. O axé estava grande. Após esse corrido, Cobrinha passa o berimbau e sai da roda. Ao final, ele volta e pede desculpas por ter saído, mas explica dizendo de sua emoção de estar ali, lembrando dos velhos camaradas, muitos dos quais escolheram outros caminhos na vida que os levaram embora cedo demais. Os cinco mestres se abraçaram e contaram estórias da época. Engraçadas, para não dizer tristes, como a que roubavam pão e banana, pois não tinham o que comer... Não podemos imaginar a batalha que passaram para continuar no seu caminho, para não abrir mão da capoeira e dos seus sonhos. Foi uma emoção geral. Desses momentos únicos que só estando presente para saber... Iê viva os mestres!


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Palestra: Acumpultura, alimentação e os 5 elementos

À noite, a Tábata falou sobre acumpultura, alimentação e os cinco elementos, segundo a cultura chinesa: Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água. Relacionou as características desses elementos com o corpo humano e possíveis desequilíbrios que seu excesso ou falta podem causar, relacionando também com os alimentos, que podem ajudar a manter esse equilíbrio. Muitas informações importantes ela sistematizou em uma apresentação em Power Point, que será disponibilizada para todos depois.



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SAMBA mais uma vez

Nessa noite, a maioria do pessoal se animou para o samba. Cobrinha no atabaque, começou puxando o samba de roda. Todos tiveram seu momento de “estrelar” no meio da roda, seja sozinho, em duplas, sambando com a beriba (“samba de véio é com pau na mão, pau na mão, pau na mão...”). Depois, tocamos forró, com violão, pandeiros, atabaque e triângulo. Os casais animados dançaram um bocado. 



Caminhada e cachoeira

Depois do treino de capoeira e do delicioso café da manha, fomos nos preparar para a caminhada de reconhecimento da região, até a cachoeira, onde poderíamos tomar um banho (gelado). Depois, voltar para almoçar e, na parte da tarde, plantar as mudas e sementes na mandala e continuar a plantação junto ao milho.
Saímos do sítio todos juntos, seguindo o Adriano, que ia parando no caminho para nos mostrar as plantas do cerrado, falando sobre suas funções e características.

Fomos observando, tocando, cheirando cada planta. Vimos uma parente da arnica, o alecrim dourado e muitas outras.
Quem sabe identificar essas plantas e anotou mais informações por favor compartilhe!








Vimos que um vizinho plantou pinheiros em sua área e que ele foi se espalhando e “tomando conta” da área – é uma árvore “invasora” (é isso mesmo, gente?), que toma o lugar e os nutrientes das espécies locais. – Daí o cuidado de saber o que estamos plantando e de fazer esse intercâmbio de espécies de um local para o outro sem o cuidado com as conseqüências para o ambiente. Brincamos dizendo da falta de necessidade de tantas árvores de natal!
Vimos a riqueza e beleza do cerrado. E a importância de cuidar dele, pois muitas espécies são raras e vivem somente nessa região!
Chegamos até uma pequena cachoeira, com um pocinho. Estava ainda caindo aquela chuva fina, o tempo frio. Mas como “quem está na chuva é pra se molhar”, a maioria do pessoal tomou coragem e caiu na água! A primeira foi a Sabrina, bastante determinada. Muito gostoso limpar a alma nas águas de Mãe Oxum, com direito a hidromassagem natural da água da cachoeira caindo no corpo!

CONVERSANDO SOBRE A REGIÃO – SERRA DO GANDARELA
De volta à casa, Bel e Adriana falaram sobre a importância desse lugar,  aproveitando a caminhada. Bel falou que esse serrado é especial. Adriano, que mora na região, disse que há uma biodiversidade grande ali, mesclado entre Mata Atlântica e Serrado. Bel e Adriano explicaram que a região do Tangará é vizinha da Serra do Gandarela.
A região já foi muito estudada, primeiro pelas mineiradoras, que já sabiam da importância desse lugar. Bel explicou que a região é muito desejada pelas mineiradoras e também por nós. É um “pequeno Oasis” no quadrilátero ferrífero e muitas áreas estão na falência pela ação das mineiradoras, como cidades históricas que foram degredadas. Essa região está preservada. É chamada região de recarga, pois possui um lençol freático imenso, com muitas nascentes, abundância de água. Por isso não deveria deixar ser desmatada pelas mineiradoras. Está se acabando a vegetação sobre canga (variedade de minério de ferro). É um dos poucos lugares com esse tipo de geologia, sendo que vários tipos de plantas e animais são específicos desse ecosistema. Muitas plantas, inclusive medicinais, ainda não catalogadas.
A Serra do Gandarela, que fica no entorno, está em processo para se tornar Parque Nacional, por iniciativa dos moradores locais , com apoio do Projeto Manuelzão (UFMG), que enviou um projeto de criação do Parque para o Instituto Chico Mendes, com o nome “Parque Nacional Águas do Gandarela”. Existe uma “briga” desses que estão lutando pela preservação de total da região e as mineiradoras, que estão tentando barganhar com o governo, o Ibama, entre outros, para fazer passar algumas concessões, com áreas em que possam ainda explorar. Bel defende a mobilização da sociedade, com a mídia, para fazer pressão política popular.
Perguntamos o significado do nome Gandarela e Adriano explicou que, ironicamente, este era o nome do mineirador Italiano que primeiro veio explorar a região.
Eles contaram que é possível fazer uma caminhada do Tangará até o Caraça, por cima das montanhas.
Carol falou sobre a Lei aprovada pelo Senado, a favor do agro-negócio, que diminui as áreas de preservação e assim fomos discutindo e refletindo sobre o assunto.
Ao final, Ananda anuncia a exposição e venda de produtos fitoterápicos, naturais, como óleos, sabonetes, essências, etc. 

Galo já cantou, já raiou o dia!

Acordamos cedo para o treino com o mestre Cobra Mansa, marcado para 7h, em um espaço do sítio de um vizinho da Bel. Estava aquele friozinho que não dá vontade de sair da cama. Sabrina chegou animada no quarto, acordando o pessoal e chamando pra treinar. Vamos nessa! Acordei sentindo o olho inchado, da pancada de ontem. Mas fui animada para treinar com mestre Cobrinha, coisa rara e muito rica! No dia anterior, o treino fora no horário que ele normalmente gosta de fazer, às 6h da manhã. Mas hoje, ele resolveu aliviar, pois viu que estavam todos cansados. Mais um motivo para não perder.
Começamos jogando dois a dois, enquanto alguns tocavam os instrumentos. E fomos trocando de duplas e entre quem tocava e jogava. Cobrinha pediu que tocássemos “São Bento Grande” e a maioria se atrapalhou. Ao final, ele falou sobre a tradição: disse que não gosta de usar essa palavra, pois já está “batida”, já que sabemos que a tradição vai sempre sendo re-criada. Mas em sua percepção, a nossa geração se acostumou a tocar somente o toque de Angola, como se fosse o único toque "tradicional". Então, ele gosta de quebrar esses “mitos” e lembrar de coisas que vão se perdendo até mesmo com o argumento de não ser parte da “tradição” (como tocar o São Bento grande no berimbau gunga).
Depois, Cobrinha passou o movimento de “tirar” a chapa de frente ou meia-lua de frente com o braço e entrar na cabeçada ou na rasteira, porque notou que muitos estavam com essa dificuldade.
Todos puderam tocar, muitos cantar e jogar, inclusive com o mestre.
Ao final, quando olhamos no relógio já eram 9h30. Cobrinha se assustou com o horário, nós também. Sinal de que estava muito bom! 
Fizemos uma roda de conversa final, onde cada um falou das suas dificuldades. Alguns citaram movimentos específicos, outros sentem dificuldade em jogar capoeira angola, em geral, outros em ter consciência e mais controle dos movimentos, etc. E o pequeno Iago (única criança presente), perguntou para Cobrinha: "e qual foi a sua maior dificuldade?", surpreendendo os adultos. E Cobrinha falou que também tem suas dificuldades e que naquele dia foi que estava sentindo o ombro e não podia fazer certos movimentos, tendo que se controlar para não forçar onde havia machucado. 




Iê, viva meu mestre!


Depois do treino, voltamos para casa, com a chuva fininha no caminho, esfriando o corpo suado. Depois de trocar de roupa, o prêmio: pão de queijo! Aquele estava sendo o melhor Permangola em termos de alimentação, na minha opinião de mineira com saudade da terrinha. O sentimento do encontro com minha ancestralidade aparecendo...
Café com pão de queijo, bolo de cenoura, pão integral, laranja, chá, suco de inhame com limão! Esse eu nunca tinha visto. Delícia! Todos juntos, comendo na varanda. Depois já aproveitamos para conversar sobre a programação do dia.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Abrindo a Roda de Angola

A primeira roda de Capoeira Angola do evento foi acontecer no galinheiro! Claro, que ele estava vazio e limpo. Mas não deixava de ser um galinheiro, bem perto de onde estava sendo construída a mandala, ao lado do lago dos peixes, com visão para o céu e as árvores pelas telas.

Enquanto preparávamos os instrumentos para a roda, o sol resolveu dar o ar da graça! O tempo ficara nublado e chuvoso o dia todo. E naquele momento, parece que o Sol escutou o toque do berimbau e saiu para nos ver! Que felicidade em vê-lo ali, tão lindo e alaranjado, colorindo o céu! Pena que essa roda não estava sendo num local onde dava para vê-lo melhor... Mas mesmo assim deu para sentir sua energia.

Foto: Isabel
 Os mestres nos instrumentos, mestre Cobra Mansa pronto para jogar, a roda inicia com uma ladainha cantada por mestre Jurandir. De angoleiros e angoleiras não haviam muitos. Além dos (cinco!) mestres, estavam eu, Sabrina, Ugo, Tábata (da FICA), Luciano. Os outros treinavam outros estilos de capoeira. Assim que a roda começou, chegaram outros angoleiros de BH: Débora, Carol e Momo (alemão que mora em BH). A roda não estava grande, mas a energia era enorme.
Foi uma honra pra mim quando o mestre Peixe me chamou para jogar – é sempre uma honra jogar com um mestre. Tentei desenrolar os movimentos, no desafio do jogo com quem já está há tanto tempo na estrada... Depois, fui tocar o berimbau médio, ao lado do mestre Jurandir (gunga) e da Carol, na viola. Mestre Jurandir parou o ritmo dizendo que não estava legal, que algum berimbau estava fora. Ele não quis dizer quem era. A Carol passou a viola e eu fiquei. Pedi licença para arrumar a cabaça, trocando o lado do nó do cordão que a segura. E ele disse: “Ah, então o problema é o cordão da cabaça! Você foi pra Bahia e desaprendeu a tocar, foi?” Percebi que era de mim mesmo que ele estava reclamando. E ele completou: “O mestre tem que cobrar mesmo!”. Segui tocando e graças a Oxalá ele não reclamou mais! Situação de teste de fogo, na roda de capoeira!
A roda seguiu com axé, cada hora um teve a sua chance de vadiar, muitos mais de uma vez. Tive a oportunidade de jogar novamente, agora com minha amiga Ugo. Viemos treinando juntas em Salvador. O jogo estava animado. Rasteira de cá, armada de lá. Jogo solto e pegado. Uma hora, soltei uma armada e ela veio com outra armada, em contra-golpe, e pegou em cheio no meu olho. Assustei. A pancada foi forte. Parei o jogo e saímos as duas da roda, para ver o que tinha acontecido. Lavei o rosto e coloquei gelo. Não estava tão mal assim. As meninas perto de mim, cuidando. Até uma aplicação de Reiki eu recebi de uma “santa” mulher que lá estava, cuidando da deliciosa comida do evento. Passado o susto, ficou tudo bem.

Foto: Isabel

Foto: Isabel

À noite, assistimos a dois filmes: “História das coisas” e “Mandinga em Colômbia”, este último feito por uma equipe composta por Mestre Cobra Mansa, Xeno, o cineasta e diretor que estava também filmando o Permangola, entre outros. Eles fizeram comentários ao final, contando histórias sobre suas viagens.
Depois, uma pequena turma, mais animada, ficou ainda na varanda tocando e cantando. Eu peguei o violão e tinha o acompanhamento de uma boa percussão, com triângulo, pandeiro, djambê. Seria quase um ensaio para a noite seguinte.

"Ê, angoleira, que hora você chegou..."

Depois de uma noite longa de viagem de Salvador a Belo Horizonte, acordei às 6h da manhã, animada para ir para o Permangola Minas no Tangará. O evento prometia, a começar pelo local, especial para mim, pois meus pais me levavam lá quando criança e depois de adulta, retornei e me encantei por suas lindas cachoeiras.

Depois de muita espera pelo ônibus para Rio Acima, na Av. Afonso Pena, e depois na pracinha da cidade, finalmente chegou a Bel em sua Kombi branca, para me buscar e levar para sua casa, no Tangará, onde o Permangola já acontecia.



A abertura do evento aconteceu na quinta-feira (08 de dez/2011), à noite e já havia acontecido um treino de capoeira pela manhã (às 6h) e uma palestra com Mestre Cobra Mansa, sobre os princípios da Permacultura. Fiquei triste de já ter perdido essa parte. Bom para aprender, que é sempre bom chegar nos eventos antes de começar, se quisermos acompanhar melhor as coisas. Ajudar na parte de organização é sempre bom também.

Quando cheguei, já por volta de meio-dia e a turma estava divida entre o trabalho com a Agrofloresta e a construção de uma Mandala para a plantação de uma horta. Acompanhei parte da explicação sobre o plantio do feijão andu, aproveitando as sementes dos pés que estavam lá, junto com o gergelim, para ajudar na proteção, pois é repelente dos insetos, e o girassol, que não me lembro de sua função, além de decoração. O mestre Cobra Mansa explicou várias coisas nesse momento, mas eu estava ainda chegando e não havia ido suficientemente preparada para fazer os registros. O gravador de áudio já estava fazendo falta! Também não estava com um caderno de campo em mãos. Acabei perdendo informações importantes assim...

O formato da mandala, na terra, já estava praticamente pronto. Faltava apenas colocar os bambus no contorno. Mas nesse momento, ouvi o mestre Cobra Mansa dando a idéia de pegarem pedras, para colocar no lugar dos bambus – seria muito mais fácil e rápido para preencher todo o entorno! Todos concluíram que seria uma melhor solução, de acordo com os princípios mesmo da Permacultura – poupar energia! E usar a criatividade para encontrar soluções simples, para simplificar as coisas, aproveitando o que está disponível.



Mandala (Foto: Cleber)

Mandala (Foto: Cleber)

Mandala (Foto: Cleber)

À tarde, fui ajudar a continuar a plantação de feijão e gergelim, junto a uma plantação de milho que já estava feita, ao lado de onde havíamos plantado pela manhã. Aprendi que o feijão (não o andu, o outro, de sementes marrons) é bom para ser plantado com o milho. Fizemos buracos bem próximos das pequenas mudas de milho (aprox. 10 cm de distância) e colocamos de 3 a 4 sementes de feijão em cada um, cobrindo o buraco sem apertar a terra. O feijão crescerá junto com o milho, ajudando-o a crescer e contribuindo no sabor. Também começamos a plantar girassóis, fazendo um desenho em formato de caracol, para enfeitar a plantação de milho. E ainda começamos a plantar o gergelim no entorno de toda a área, para proteger a plantação dos insetos.

Na parte da tarde, para nossa surpresa, o mestre Jurandir chegou com outros três mestres, de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro: Peixe, Véio e Peninha. Presenças ilustres, sendo eles todos amigos de infância que, junto a Cobra Mansa e Jurandir iniciaram na capoeira há 40 anos atrás e conviveram em sua juventude, nas tradicionais rodas de Caxias, mantidas até hoje por eles junto ao Mestre Russo, todos os domingos. Ali começou a história de capoeira desses mestres.

Mestres Veio, Peninha, Peixe, Cobra Mansa e Jurandir (Foto: Sara)

Ao final da tarde, sentamos para lanchar e fazer uma avaliação do dia. Cada um falou o que fez e as suas impressões. Para mim ficou aquela sensação de ter chegado já no “meio do caminho”, assim como outros que chegaram mais tarde. Mas foi interessante ouvir de cada um. Mestre Cobra Mansa falou da honra e surpresa em receber os mestres de Caxias, que vieram por conta própria, trazendo seu “axé” para a roda de capoeira que aconteceria em seguida.