sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

"Ê, angoleira, que hora você chegou..."

Depois de uma noite longa de viagem de Salvador a Belo Horizonte, acordei às 6h da manhã, animada para ir para o Permangola Minas no Tangará. O evento prometia, a começar pelo local, especial para mim, pois meus pais me levavam lá quando criança e depois de adulta, retornei e me encantei por suas lindas cachoeiras.

Depois de muita espera pelo ônibus para Rio Acima, na Av. Afonso Pena, e depois na pracinha da cidade, finalmente chegou a Bel em sua Kombi branca, para me buscar e levar para sua casa, no Tangará, onde o Permangola já acontecia.



A abertura do evento aconteceu na quinta-feira (08 de dez/2011), à noite e já havia acontecido um treino de capoeira pela manhã (às 6h) e uma palestra com Mestre Cobra Mansa, sobre os princípios da Permacultura. Fiquei triste de já ter perdido essa parte. Bom para aprender, que é sempre bom chegar nos eventos antes de começar, se quisermos acompanhar melhor as coisas. Ajudar na parte de organização é sempre bom também.

Quando cheguei, já por volta de meio-dia e a turma estava divida entre o trabalho com a Agrofloresta e a construção de uma Mandala para a plantação de uma horta. Acompanhei parte da explicação sobre o plantio do feijão andu, aproveitando as sementes dos pés que estavam lá, junto com o gergelim, para ajudar na proteção, pois é repelente dos insetos, e o girassol, que não me lembro de sua função, além de decoração. O mestre Cobra Mansa explicou várias coisas nesse momento, mas eu estava ainda chegando e não havia ido suficientemente preparada para fazer os registros. O gravador de áudio já estava fazendo falta! Também não estava com um caderno de campo em mãos. Acabei perdendo informações importantes assim...

O formato da mandala, na terra, já estava praticamente pronto. Faltava apenas colocar os bambus no contorno. Mas nesse momento, ouvi o mestre Cobra Mansa dando a idéia de pegarem pedras, para colocar no lugar dos bambus – seria muito mais fácil e rápido para preencher todo o entorno! Todos concluíram que seria uma melhor solução, de acordo com os princípios mesmo da Permacultura – poupar energia! E usar a criatividade para encontrar soluções simples, para simplificar as coisas, aproveitando o que está disponível.



Mandala (Foto: Cleber)

Mandala (Foto: Cleber)

Mandala (Foto: Cleber)

À tarde, fui ajudar a continuar a plantação de feijão e gergelim, junto a uma plantação de milho que já estava feita, ao lado de onde havíamos plantado pela manhã. Aprendi que o feijão (não o andu, o outro, de sementes marrons) é bom para ser plantado com o milho. Fizemos buracos bem próximos das pequenas mudas de milho (aprox. 10 cm de distância) e colocamos de 3 a 4 sementes de feijão em cada um, cobrindo o buraco sem apertar a terra. O feijão crescerá junto com o milho, ajudando-o a crescer e contribuindo no sabor. Também começamos a plantar girassóis, fazendo um desenho em formato de caracol, para enfeitar a plantação de milho. E ainda começamos a plantar o gergelim no entorno de toda a área, para proteger a plantação dos insetos.

Na parte da tarde, para nossa surpresa, o mestre Jurandir chegou com outros três mestres, de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro: Peixe, Véio e Peninha. Presenças ilustres, sendo eles todos amigos de infância que, junto a Cobra Mansa e Jurandir iniciaram na capoeira há 40 anos atrás e conviveram em sua juventude, nas tradicionais rodas de Caxias, mantidas até hoje por eles junto ao Mestre Russo, todos os domingos. Ali começou a história de capoeira desses mestres.

Mestres Veio, Peninha, Peixe, Cobra Mansa e Jurandir (Foto: Sara)

Ao final da tarde, sentamos para lanchar e fazer uma avaliação do dia. Cada um falou o que fez e as suas impressões. Para mim ficou aquela sensação de ter chegado já no “meio do caminho”, assim como outros que chegaram mais tarde. Mas foi interessante ouvir de cada um. Mestre Cobra Mansa falou da honra e surpresa em receber os mestres de Caxias, que vieram por conta própria, trazendo seu “axé” para a roda de capoeira que aconteceria em seguida.

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